Parque de Pedras Salgadas
O Parque das Pedras Salgadas sofreu com a natural deserção que assolou a maior parte dos parques termais. Após a Segunda Guerra Mundial, com os avanços da medicina e a crescente preferência turística pelas praias, o parque vai perdendo gente e os edifícios, desocupados, ruem sem perspectiva de solução à vista.
A intervenção é orientada pela recuperação da identidade que subjaz ao Parque de Pedras Salgadas e que o distingue dos restantes: a sua marcada concepção romântica, típica do auge do turismo termal. O casino não era o lugar de jogo pelo qual identificamos os casinos de hoje. As obras de que foi alvo, tiveram como princípio orientador o reenquadramento da sua função no contexto do parque, que sempre foi a de ser o espaço social por excelência: era o salão de baile, restaurante e espaço de jogos de bridge e canasta. Já o Hotel Avelames, um evidente erro de casting no contexto do parque, foi demolido, restando dele um único piso que foi subsequentemente soterrado e que agora acolhe algumas instalações técnicas fundamentais para o parque, de uma forma praticamente invisível – e sê-lo-á tanto mais quanto mais o parque o reclamar através da vegetação.
A capela, por sua vez, tinha sido muito maltratada pelas sucessivas obras que recebeu ao longo do tempo. Foi refeita, limparam-se os altares e os tectos foram abobadados. É um elemento suplementar de socialização, dado que permite a realização de diversas cerimónias religiosas. Na entrada do parque localizam-se as “Garages”, edifícios que serviam para a arrumação de automóveis e cuja preservação da grafia original nas fachadas nos remete imediatamente para outro tempo. E é precisamente isso que o parque e sua recuperação propõem: uma viagem no tempo, a um período histórico profundamente marcado por um estilo de vida a que logramos aceder apenas de forma mediada, por via de filmes, fotografias ou livros.
Uma altura em que os parques termais – e a generosa natureza onde se enquadravam – eram o último reduto de salubridade e saúde para as mulheres e para os homens de uma sociedade crescentemente moderna mas dotada de parcos meios de diagnóstico e terapia.
Ano
2012 - 2015
Localização
Vila Pouca de Aguiar, Portugal
Área
108,8 hm2
Cliente
Unicer Bebidas de Portugal - VMPS, Águas e Turismo
Arquitectura
Luís Rebelo de Andrade, Tiago Rebelo de Andrade, Diogo Aguiar, Madalena Rebelo de Andrade, Raquel Jorge, Pedro Baptista Dias, João Jesus
Projecto de Estruturas
Scarlety Engenharia
Projecto de Infraestruturas
Tecnoeuropa
Construção
Edimarante - Sociedade de Construções
Coordenação de Obra
VMPS - Eng. Vasco Portal
Fotografia
FG + SG - Fotografia de Arquitectura
Texto
Valério Romão
Prémios
Travel & Leisure Design Awards 2014 - Best Resort
Archdaily Building of the Year 2012 - Hotels & Restaurants