A Quinta do Pinhô fazia parte de um conjunto de quintas na região que produzia alimentos para o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, um mosteiro masculino da Ordem de Cister. Aquando da promulgação da lei que extinguiu as ordens religiosas, decretada em 1834 por Joaquim António de Aguiar e que lhe viria a granjear a alcunha de Mata-frades, a Quinta do Pinhô passa para a fazenda pública e, posteriormente, para as mãos de privados.

Após ter sido adquirida, sofre obras de remodelação para dotá-la das funções próprias de uma habitação familiar. A quinta não tinha salas, só quartos, pelo que foi necessário reconfigurar o seu interior para adequá-lo ao uso e conforto que se esperam de uma habitação contemporânea.

O exterior da quinta manteve o seu carácter imponente, mediando a relação entre a época em que foi construída e o presente: o brasão de família e o crucifixo de pedra sobre o portão principal; o chafariz ornamentado do pátio; as namoradeiras abrindo zonas de diálogo entre o interior e o exterior. Na Quinta do Pinhô, o pátio é como que o mordomo que recebe em primeira mão convidados e anfitriões. E, antes da intervenção a que foi sujeito, este mordomo vestia mal: era simultaneamente horta, jardim e entrada, não cumprindo adequadamente nenhum destes papéis. Foi inteiramente calcetado, as confusas escadarias de entrada foram substituídas por uma só, central, conferindo gravidade e sentido aos volumes que orbitam em seu redor. Foram construídos de raiz um pequeno apartamento e uma piscina, encostados ao edifício original, de linhas e materiais vincadamente modernos. Este contraste entre formas, épocas e materiais, poderia resultar num desequilíbrio pouco agradável; ao invés, parecem duas pessoas de gerações diferentes que descobriram ser, afinal, amigos de infância.