São Paulo 55

São Paulo 55
O Cais do Sodré mudou muito. De ponto de encontro de marginais, embarcadiços e boémios, passou a ser um local privilegiado de diversão noturna. E se os boémios e os marginais ainda frequentam o largo de São Paulo e a Rua Cor-de-rosa, estes são agora uma minoria pacificada que muitas vezes não se distingue da trupe de turistas que enchem as ruas.
A mudança de estilo de vida reflectiu-se naturalmente na forma como se trataram os edifícios da zona, tornados subitamente apetecíveis. Estes, anteriormente votados ao abandono ou parcialmente ocupados com idosos, refletiam a negligência e o valor das rendas praticadas – insuficiente para manter um mínimo de condições de segurança dos prédios, quanto mais beneficiá-los com obras de renovação. Surgem cafés, bares, restaurantes temáticos e galerias de arte que convivem com as tascas típicas do Cais, onde ainda se consegue comer um prato de iscas a bom preço ou beber um copo de três na companhia dos nativos.
A renovação do edifício São Paulo 55 faz parte desta revolução silenciosa, que ocorre um pouco por toda a cidade de Lisboa. De matriz pombalina e alvo de diversas intervenções ao longo da sua história, o edifício foi recuperado tendo em consideração algumas modificações fundamentais: a tipologia passou a ser de três apartamentos por piso e foi introduzido um elevador. Tentou preservar-se a linguagem original do edifício, através da qual ele exprime a sua identidade e dialoga com o bairro em que se insere. As fachadas, revestidas de azulejo de cor sangue de boi, conferem-lhe uma justa sobriedade.
Ano
2007 - 2014
Localização
Lisboa, Portugal
Área
1790 m2
Cliente
Baixa Pombalina SRU (2007-2008) / Five Stars SA (2008-2014)
Arquitectura
Luís Rebelo de Andrade, Carlos Ruas, Raquel Jorge, Madalena Rebelo de Andrade
Projecto de Estruturas e Infraestruturas
Neoplano, Sociedade Técnica de Planeamento e Organização de Projectos
Construção
Tecniarte, Projectos e Construções
Coordenação de Obra
HETC - Projectos e Consultoria
Fotografia
FG + SG - Fotografia de Arquitectura
Texto
Valério Romão